pra não ficar na gaveta

segunda-feira, junho 02, 2008

 

cine palácio

sentada no sofá
do cine palácio
caderno na mão rosto sem
maquiagem espera terminar
a sessão de indiana jones
às oito e vinte
os dias têm sido longos
e não chove há três semanas
a promessa de que algum dia
vai morar
bem longe
o senhor na bilheteria
reclama do preço do ingresso
não tem meia-entrada? a mocinha
é irredutível
luz fraca e quadrados
de mármore nos pés
uma vassoura esfrega o salão
nenhum sinal de besouros
ou fuligem de mariposa

Comentários:
é sempre a mesma coisa
os celulares não me tocam
as poltronas não falam nada
esticava os joelhos sempre que falavam de amor ao meu lado
 
cinema e tédio na tarde
 
maravilhoso.
 
conhece o poema do paulo Geração Paissandu?
 
Você é Alice amiga de Carolina Frossie?
 
os dias longos para terminarem com essa vassoura que leva
nossas sessões...
um bj, alice.
 
que pena que é palácio! gosto tanto do paissandu.
GERAÇÃO PAISSANDU

Vim, como todo mundo,
do quarto escuro da infância,
mundo de coisas e de ânsias indecifráveis,
de só desejo e repulsa.
Cresci com a pressa de sempre.

Fui jovem, com a sede de todos,
em tempo de seco fascismo.
Por isso não tive pátria, só discos.
Amei, como todos pensam.

Troquei carícias cegas nos cinemas,
li todos os livros, acreditei
em quase tudo por ao menos um minuto,
provei do que pintou, adolesci.

Vi tudo que vi, entendi como pude.
Depois, como de direito,
endureci. Agora a minha boca
não arde tanto de sede.
As minhas mãos é que coçam –
Vontade de destilar
depressa, antes que esfrie,
esse caldo morno da vida.
 
quando era mais nova,
ou quando essas coisas ainda podiam,
ou quando estava sem nada pra fazer,
sempre entrava no cinema no meio da sessão e ficava pra ver o começo do filme na sessão seguinte
pra atrapalhar os outros
pra ver o cinema ficar vazio e depois ficar cheio de novo
pra poder ir ao banheiro sem perder nada
pra saber o final antes de saber o começo
pra ficar sozinha olhando pra tela apagada
e rir ou chorar ou só pensar mesmo, sem ninguém ver
 
poema kodak. delícias d'alice. oi, chacal
 
A Geração Paissandu foi muito feliz...
 
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